quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Sedução

                                        

                                                                  CAPÍTULO 4 




– Sua honestidade é inacreditável, Lua. Eu teria me divertido da maneira costumeira, mas havia algo mais importante a ser feito. Depois do que fiz, percebi que precisava ter uma conversa com você. Vamos apenas dizer que uma coisa levou à outra...

– Por que você está sendo tão misterioso? Não estou te entendendo... Sobre o que precisamos conversar?

Lua ficou apreensiva, começou a achar que ele iria demití-la por ela ter sido honesta em falar sobre a vida pessoal dele. Tremeu só de pensar que teria de voltar para Forks como uma fracassada, pois seria impossível viver em Seattle, mesmo numa quitinete, sem um salário no fim do mês.

– Aqui não é o lugar certo. Primeiro você vai comigo a um lugar, e depois a levarei para sua casa, você irá me convidar para um café e conversaremos.

– Isso não pode esperar até segunda-feira?

– Não!– Fernando lhe disse.

– Para onde você está me levando?

– A uma festa.

– Eu não quero ir a lugar nenhum.– Lua  reclamou.

– Lua, relaxe... Eu preciso fazer uma presença numa festa. Não vamos demorar, são negócios. E não ficaria bem, eu chegar desacompanhado, portanto, considere isso como parte do trabalho.

– Mas não estou vestida adequadamente para a ocasião.– Lua tentava se esquivar.

– Ah, está sim... Tenha certeza...

Já que Lua não tivera outra opção, restou-lhe apenas retocar a maquiagem e arrumar os cabelos. Sem que ela percebesse, Fernando a olhava pelo canto dos olhos. Ele teve que reprimir um suspiro. Comprimiu suas mãos ao volante e começou a falar, tentando desviar-se de seus pensamentos.

– Conte-me sobre sua noite. Explique-me como um sujeito que deixa uma mulher parada na chuva é capaz de ser interessante...

Lua, já se achando sem emprego, decidiu que não teria nada a perder sendo completamente honesta. As pessoas nunca eram honestas com Fernando  exceto a mãe dele. Sempre diziam à ele: "Sim senhor, não senhor." Fernando era arrogante, e acredirava que as coisas tinham de funcionar sempre de acordo com suas próprias regras.

– Eu não quero ter essa conversa com você.

– Por que não? Está embaraçada, Lua  Não deve se envergonhar pelo fracasso da sua noite. Essas coisas acontecem.

Lua não lhe respondeu.

Sem trânsito, levou menos de quinze minutos para chegarem. Fernando parou o carro diante de um clube. Lua não falou uma palavra durante o trajeto. Sua noite tinha sido uma decepeção e mais ainda porque Fernando apareceu, como um pai indo buscar a filha numa festa de aniversário. 

Ao entrarem no clube, Fernando a ajudou retirar seu casaco e o entregou na recepção. Abraçou-a pela cintura e adentraram pelo salão. Ela sabia que tal gesto era apenas uma fachada, mas mesmo assim jamais se imaginou tão próxima à ele.

Se aproximaram do anfitrião, Fernando o cumprimentou e apresentou Lua como sendo sua amiga. Era evidente que ele não diria que ela era sua funcionária, não ficaria bem para sua imagem.

Lua aproveitou um momento em que Fernando se afastara e seguiu para um canto da festa, onde haviam poucas pessoas. Percebia alguns olhares em sua direção e não se sentia à vontade em ficar tão exposta.

Ela estava encostada numa coluna do clube e observava os movimentos dos casais dançando, quando foi surpreendida por Fernando. Ele chegou por detrás dela e sussurrou em seu ouvido:

– Porque não aproveita a festa ao invés de tentar se esconder? 

Lua teve um sobressalto.

– Eu não gosto de festas sofisticadas.

– Não gosta por que não está habituada.– ele lhe disse. - Vem, vamos dançar...

Com um sorriso tímido, Lua sacudiu a cabeça em negativa.

– Porque não?– Fernando indagou.

– Não sou boa dançarina.

– Você está com vergonha de dançar.

Fernando a pegou pela mão e a levou para a pista de dança.

– O quê está fazendo?– perguntou ela, num sussurro alarmado.

Lua tentou recuar, mas Fernando não permitiu.

– Fernando, por favor... é sério, não sei dançar.– ela suplicou.

– Relaxe...– murmurou ele no ouvido de Lua. - Você nem precisa prestar atenção na música. Basta relaxar em meus braços e me acompanhar.

Lua sentia as faces pegando fogo, o calor espalhando-se por todo o corpo. Sentia vontade de morrer. “Basta relaxar nos meus braços” ele dissera.

Finalmente a música terminou e eles voltaram de onde haviam saído.

– Pronto...– ele disse, soltando a mão de Lua. - Foi tão ruim assim?

– Não, não foi ruim.– ela fez uma pausa e respirou fundo. - Obrigada.

– Quer dançar novamente?

Dançar com Fernando fora bom demais. A voz da razão dentro dela dizia: “Afaste-o agora, pelo amor de Deus!” Mas a voz da necessidade insistia: “Ah, ele é tão bom...”

– Não, Fernando. E se não se importa, gostaria de ir embora.– Lua disse. - Posso pegar um táxi, se você quiser ficar na festa.

– Nada disso. Eu irei te levar para a casa. E além do mais, precisamos ter aquela conversa.

“Porque Fernando quer tanto conversar comigo?” Lua pensou. “ Só pode ser sobre o emprego.”

(...)

– Eu sei o que vai dizer!– exclamou Lua, assim que chegaram em frente a sua casa. - E pode me falar aqui mesmo.

Lua retirou o cinto de segurança e se virou no banco para encará-lo.

– Você sabe o que vou dizer?

– Sim. Sei o que você pensa ao meu respeito, e sei exatamente o que vai falar.

– Acho que você não tem ideia do que eu penso ao seu respeito.– Fernando a informou. - E certamente não sabe o que vou dizer. E, não, nós não teremos essa conversa no carro.

– Eu só quero acabar logo com isso.– implorou Lua.

CONTINUA...

3 comentários:

  1. Continua! Essa web é muito boa! Mas as outras não ficam atrás!

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  2. cara essa web é show so que vc podia postar maissss !!

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