terça-feira, 27 de agosto de 2013

Sedução

                                          
                                                                  CAPÍTULO 4 



Agora estava desesperada para sair dali. Lua virou o rosto para Fernando e perguntou:

– Estou horrível? Aposto que minha maquiagem borrou. O que ele vai pensar de mim?– Lua deu um sorriso forçado.

– Que você tem olhos incríveis, e está muito linda.– respondeu Fernando com voz rouca.

Nesse momento, a atmosfera mudou, e a eletricidade parecia pulsar dentro do carro. Era como se o mundo tivesse se reduzido ao pequeno espaço entre os dois. Mas Lua se lembrou de que aquele era o homem que não tinha dito uma única palavra boa sobre ela.

– Você não precisa dizer isso só para se redimir.

– Não, eu não preciso.– concordou 
Fernando. - Mas você realmente tem os olhos incríveis. E esse vestido a deixa sexy.
– Sexy? Eu?! – Lua disse, envergonhada.

– Você sim. Por que está tão chocada?

Lua não respondeu, mas pensou, enquanto sua pulsação acelerava: “Porque é você quem está dizendo isso.” 

– Espero que Mike concorde.– ela apenas lhe disse isso.

– Mike... – Fernando deu uma leva bufada quando disse o nome. - O sujeito com quem vai jantar.

Ele estendeu o braço para abrir a porta no lado de Lua.

– Espere... – ele disse. 

Fernando se aproximou dela e esfregou a ponta do dedo sob um olho de Lua, e ela se assustou.

– Relaxe. Eu só estava tirando uma manchinha de rímel.– ele riu. - Lua, assim qualquer um pensaria que você nunca foi tocada antes.

– Eu... tenho o lenço. Bem, seu lenço. Pode deixar que eu mesma faço isso.

Lua pediu que ele acendesse a luz interna do carro para dar uma olhada no rosto.

– Certo, estou pronta. Mal posso esperar.– disse dando um sorriso brilhante.

– Eu vou lhe acompanhar até lá.

– Ah não, Fernando! Você não vai fazer isso! – Lua protestou.

– Lua, eu não vou atrapalhar seu encontro romântico.– ele disse com certa ironia. - Só quero ver quem é o sujeito e me certificar de que não é nenhum aproveitador.

– E como você poderá ter certeza disso?

– Pode acreditar que terei. Conheço muito bem as pessoas, principalmente homens mal intencionados.– Fernando respondeu.

Seguiram para o interior do restaurante. Lua foi à frente e Fernando  mantendo uma certa distância, seguiu em direção ao bar. 

Lua se aproximou de uma mesa, onde Mike já a esperava. Ele se levantou e a cumprimentou com um beijo no rosto, em seguida puxou a cadeira para que Lua se sentasse. Do bar, Fernando observava tudo. Lua disfarçou e olhou em sua direção, ele então, assentiu com a cabeça. Em um só gole bebeu o drinque que pedira, deixou o dinheiro no balcão e foi embora. 

Lua, vendo-o partir, sentiu um misto de alívio e frustração.

Três horas e meia depois, uma chuva fina caía. Lua e Mike estavam do lado de fora do restaurante.

Lua olhou para Mike, que estava perto demais para seu gosto... mas era inevitável, já que dividiam o mesmo guarda-chuva dele. Ela se certificara de fechar os botões de seu casaco até o pescoço. Lua se sentiu desconfortável com as olhadas de Mike para o seu decote o tempo todo em que estiveram juntos, sempre com expressão de desejo.

Durante o encontro, a mente de Lua estava em outro lugar, analisando tudo o que Fernando lhe dissera. Ficou tão distraída que teve de pedir a Mike que se repetisse algumas vezes e quase não comeu, porque sem querer acabou pedindo a coisa errada do menu.

– Então, quando posso vê-la de novo?

Lua não respondeu. Então, Mike insistiu:

– Amanhã é sábado. Eu conheço uma ótima boate. Não imagina quantas pessoas famosas frequentam lá. Você adoraria.

– Talvez possamos fazer alguma coisa na próxima semana. – finalmente Lua falou.

Mike demonstrou uma expressão de desapontamento, mas se recuperou depressa quando viu um táxi. Estendeu um braço para chamá-lo. Puxou Lua para mais perto e, antes que ela pudesse escapar, deu-lhe um beijo na boca.

– Posso convencê-la a levá-la para minha casa?– ele sussurrou em seu ouvido, provocando-lhe um arrepio.

Lua riu e recusou o convite. Na verdade ficou aliviada quando ele entrou no táxi, porém levou o guarda-chuva sem ao menos se preocupar com o fato de que ela agora ficaria na chuva. E, agora que ela precisava de um táxi, não havia nenhum. Mas um carro esportivo familiar prateado parou no meio-fio, e a porta do carona foi aberta.

– Entre, Lua. Ou se arrisque a pegar uma gripe.– Fernando falou.

– Uau! Como você fez isso... aparecer bem agora que eu estava prestes a começar a andar para a casa? De qualquer forma... – Lua endireitou o corpo. - ... não quero que você estrague sua noite de sexta-feira dando-me uma carona porque está com pena de mim.

Lua enfiou a mão nos bolsos, começou a andar, enquanto o carro a seguia, e então a porta do carona foi aberta de novo e Fernando a olhou com raiva.

– Suba, ou terei de descer, pegá-la no colo e colocá-la dentro do carro.– ele disse bem sério. - Quer esse tipo de cena no meio da rua?

Lua não respondeu e atendeu seu pedido. E agora dentro do carro com Fernando  todos os pensamentos sobre Mike tinham desaparecido como uma nuvem de fumaça.

– Você ficou aqui o tempo inteiro me esperando?– perguntou ela, enquanto aproveitava o aquecedor do carro.

– Claro que não! Mas eu tive de voltar para buscá-la.

– Por quê? Sei que você me considera um caso perdido, mas eu sei como usar ônibus.– Lua disse.

– Eu pedi ao Giuseppe que me ligasse quando vocês estivessem prestes a pagar a conta.

– Quem é Giuseppe?– indagou Lua.

– O dono do restaurante. Nós nos conhecemos de longa data.

– E se Mike e eu tivéssemos decidido ir para algum outro lugar... uma boate, ou um bar? Ou eu poderia ter decidido ir para a casa dele.

– Ele a convidou?– Fernando perguntou olhando-a assustado.

– Sim.

– E você recusou. Boa garota. Sábia decisão.– ele disse mais aliviado.

– Quem sabe o que eu direi na próxima vez em que ele me convidar?– Lua o olhou de canto de olho.

Fernando estava muito elegante todo de preto, vestindo um terno que tinha um belo corte. Ela pensou que se tivesse todo o tempo do mundo, não se cansaria de olhá-lo.

– Então, vocês combinaram outro encontro?

– Não exatamente. Mas quem sabe?

E Lua mudou de assunto:

– O que você fez esta noite?

– Trabalhei. Estou num projeto muito interessante no momento.

 Sabe, é ótimo que você goste tanto de trabalhar, mas é um pouco triste que queira passar suas noites de sexta-feira fazendo isso.
– Sua honestidade é inacreditável, Lua. Eu teria me divertido da maneira costumeira, mas havia algo mais importante a ser feito. Depois do que fiz, percebi que precisava ter uma conversa com você. Vamos apenas dizer que uma coisa levou à outra...

– Por que você está sendo tão misterioso? Não estou te entendendo... Sobre o que precisamos conversar?

CONTINUA...

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